- Área: 124 m²
- Ano: 2015
-
Fotografias:Manuel Damião Santos Arquitectura
Descrição enviada pela equipe de projeto. Datado de 1959, o projeto de reabilitação de um celeiro em estado de degradação oferecido em tempos pelos avós ao cliente com intenção de o transformar numa habitação unifamiliar.
O pequeno equipamento agrícola apresentava vários factores importantes, além da memória e volumetria, a forma como está implantado, a sua relação com a Ribeira do Fontão e com a paisagem envolvente, numa zona atualmente “non aedificandi”, um edifício simples mas com muitas qualidades. A existência de regras muito claras e a possibilidade de projetar numa estrutura preexistente acrescentando-lhe elementos novos foram argumentos desafiantes para desenvolver o projeto. Essas mesmas regras não devem ser interpretadas como limitativas, acabam por ser regras que aumentam o desafio do projeto.
O orçamento previsto a que nos propusemos e levamos até ao final com rigor, totalizou os 100 mil euros, o fator econômico foi também uma premissa forte no projeto. Houve uma reinterpretação do programa original do celeiro, a planta original incluía no piso térreo a parte estrutural que albergava os animais num espaço denominado de loja (do latim logia) e em cima o piso onde armazenavam os cereais, uma prática de uma arquitetura popular pensada e com forte sustentabilidade energética. Na realidade, os animais proporcionam o aquecimento que sobe por convecção para o piso superior e permitia manter os cereais num ambiente quente e seco, o mesmo se passava na colocação das lojas em baixo do espaço habitável das casas.
O novo programa parte deste pressuposto, no piso térreo são colocadas as zonas técnicas da habitação, onde foram colocadas instalações mecânicas e electrodomésticos que permitem aproveitar o calor produzido para aquecimento do piso superior – a habitação. Preservamos as aberturas a norte e a sul para que seja possível a ventilação do piso na altura mais quente do ano.
Na arquitetura popular, as zonas habitáveis possuem sempre uma escada mais ou menos nobres que nos leva para o piso superior, como não existia nenhum acesso bem definido na preexistência ao piso superior, a intervenção procura criar com base neste pressuposto, uma escada mais contemporânea que acede ao nível alto.
A Ribeira do Fontão que “corre encostada” à casa e a paisagem local da reserva ecológica, magnetizam um terraço orientado a nascente/sul, um espaço de estar que prolonga a sala e a cozinha para o exterior.